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Plantações de eucalipto na bacia do rio Santo Antônio
É verdade que nossa região possui muitas plantações de eucalipto. Essa árvore é nativa da Austrália, um país de clima mais seco que o nosso. Ela foi introduzida inicialmente em São Paulo, no ano de 1909. Os melhoramentos genéticos na planta permitiram aumentar a produção e diminuir o ciclo de corte. Atualmente, Minas Gerais é um dos maiores plantadores de eucalipto do Brasil, com quase 2,5% de sua área ocupada com a silvicultura, especialmente no norte, nordeste e leste. A região das Vertentes também vem se destacando nessa questão.
As discussões sobre as plantações de eucalipto são polêmicas. Uns defendem os benefícios econômicos e a redução da pressão sobre a flora nativa. Outros questionam a viabilidade ambiental da monocultura, principalmente em relação ao grande consumo de água pelo eucalipto e a consequente redução da vazão das nascentes. Até mesmo nas Universidades não há consenso sobre o tema entre os especialistas (engenheiros florestais). No entanto, uma coisa parece certa, a redução da quantidade de água é visível próximo a extensas áreas de monocultura, em especial com eucalipto. As plantações em áreas de recarga do lençol (áreas planas e altas, geralmente as chapadas) e muito próximas aos cursos d’água e às nascentes parecem ser os principais problemas.
Para pensarmos sobre a questão, vamos agora apresentar alguns dados oficiais da expansão da silvicultura em Minas e especialmente nos municípios que drenam a bacia do rio Santo Antônio. Embora não sejam dados atuais, eles mostram a realidade de nossa região. O maior levantamento sobre a cobertura vegetal de Minas Gerais foi o Monitoramento da Flora Nativa, realizado entre 2005 e 2007 no âmbito do Inventário Florestal de Minas Gerais, fruto da uma parceria entre o governo de Minas e a Universidade Federal de Lavras (CARVALHO; SCOLFORO, 2008). Conforme dados apresentados no estudo sobre os reflorestamentos, esses representavam 2,32% da área de Minas Gerais, em duas fisionomias: eucalipto, 2,08%, e pinus, 0,24%. Na UPGRH GD2, o reflorestamento foi menor que a média estadual, envolvendo 1,06% da área com eucalipto. Nos quatro municípios a média foi de 0,71%, portanto, abaixo das médias regional e estadual. Dentre os municípios, destacava-se Ritápolis com 1,84%, porcentagem acima da média regional e próxima da estadual. Resende Costa possuía 0,39% dos 632 km² ocupados com eucalipto.
Entre os anos de 2003 e 2007, os reflorestamentos em Minas aumentaram em 19,59%. Isto é, em 2003 as plantações de eucalipto e pinus envolviam 1,94%, em 2005 representavam 2,16% e em 2007 2,32%. No mesmo período, na UPGRH GD2, os reflorestamentos foram aumentados em 171,79%, passando de 0,39% em 2003 para 0,70% em 2005 e para 1,06% em 2007. Já nos quatro municípios da bacia do rio Santo Antônio houve aumento de 914,28%, passando a média dos reflorestamentos de 0,07% em 2003 para 0,38% em 2005 e para 0,71% em 2007. Assim, o crescimento do reflorestamento de eucalipto na bacia do rio Santo Antônio foi superior à média regional e estadual entre 2003 e 2007. Na bacia do rio Santo Antônio, o destaque é para Ritápolis, onde houve aumento de 7.100%, passando os reflorestamentos de 0,01% em 2003 para 0,72% em 2005 e para 1,84% em 2007. Em Resende Costa houve aumento de 143,7%, passando de 0,16% em 2003 para 0,28% em 2005 e para 0,39% em 2007.
Na bacia do rio Santo Antônio as plantações comerciais de eucalipto são recentes, por exemplo, em Coronel Xavier e em Ritápolis, anteriormente a 2003, a silvicultura ocupava pequenas parcelas. Já em 2007, os fragmentos de eucalipto eram expressivos segundo dados do Inventário Florestal. Destaca-se ainda que em fotografias aéreas, datadas de 1985, os fragmentos de floresta plantada, quando existentes, são poucos e em pequenas extensões. Atualmente percebe-se que em todos os locais da bacia existem plantações de eucalipto em diferentes proporções: desde a utilização da espécie como cerca viva a fragmentos comerciais contíguos. Portanto, essa é a principal transformação econômico-produtiva na área de estudo.
Por fim, consideramos que mereceriam atenção, pelos órgãos de governo, estudos regionais sobre as potencialidades e locais de restrição à silvicultura; sobre áreas com pastagens degradadas que poderiam ser ocupadas com eucaliptos; e áreas em que o consórcio de eucalipto com pastagens (plantios agroflorestais) seriam ambiental e economicamente viável.
(Adriano Valério)