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Bloco do Cabeção 2012 canta centenário de Resende Costa
“Não fico sem você, meu bem”! Esta foi a singela mensagem do Bloco do Cabeção à cidade de Resende Costa, que comemora em 2012 o centenário de sua emancipação política. Pelo terceiro ano, o bloco foi organizado pelo Instituto IRIS. E, desde 2011, conta também com o apoio do Movimento Arena Cultural.
“Desde que assumiu a organização do Cabeção em 2010, o IRIS tem se esforçado para manter o caráter cultural e folclórico do bloco, valorizando o artista e a cultura local”, explica Fernando Chaves, presidente do IRIS.
Nos três anos em que o instituto esteve à frente do bloco, o músico Wander Morais compôs e gravou uma marchinha tema para o Cabeção. Neste ano, a composição de “Não fico sem você, meu bem” contou também com a parceria do músico José Robson. A gravação da marchinha reuniu Emerson Gonzaga, Cíntia Oliveira, Ana Pederiva, José Robson, Wander Morais, Eustáquio Peluze e Ivonildo Arvelos.
Desde o início de fevereiro, IRIS e MAC vêm se movimentando na organização do bloco. No dia 03 daquele mês, foi realizado o 4º Luau nas Lajes, que foi o Grito de carnaval do Cabeção, com lançamento da marchinha tema da edição 2012 e abertura das oficinas infantis de percussão, que antecederam o bloco. O 4º Luau também foi palco de diversas apresentações musicais, com a participação das bandas Insignes, Linfoma, SDG, Heitor e Quinzinho, Everaldo, Banda do Chá Preto e Protótipo Anônimo.
Fernando Chaves ressaltou a importância de começar as movimentações do bloco mais cedo, oferecendo espaço para o músico da Terra e estimulando o contato dos jovens com a música, através da seqüência de oficinas de percussão. “A intenção de IRIS e MAC é que o Bloco do Cabeção não se restrinja a uma hora de desfile pela avenida Gonçalves Pinto. Há dinheiro público investido no Bloco. Então, é preciso maximizar os ganhos socioculturais com o evento. O luau ajudou neste aspecto, pois é um projeto de valorização do artista local, e de resgate das lajes como palco de eventos culturais. As oficinas de percussão, além de divertir a meninada, oferecem oportunidade para os garotos se envolverem com música”, ressalta Fernando.
Ângelo Márcio, coordenador do MAC, reiterou o objetivo de montar uma bateria mirim com ensaios regulares. Segundo Ângelo, as oficinas de carnaval funcionaram como um experimento. A intenção é dar continuidade e formar um grupo de percussão em condições de se apresentar no carnaval e em outros eventos da cidade. “Por enquanto, o que tivemos foi uma seqüência de oficinas de carnaval, coordenadas generosamente pelo professor André, do conservatório de São João del rei. Mas a intenção é não nos restringir a isso. O objetivo é obter recursos e parcerias para desenvolver um projeto regular e, de fato, constituir um grupo jovem de percussão”, explica Ângelo.
Além do Grito de carnaval do Cabeção, realizado durante o 4º Luau nas lajes, e das oficinas infantis de percussão, promovidas ao longo de fevereiro, IRIS e MAC prepararam uma programação recheada de apresentações musicais e artísticas para a tarde de concentração para o bloco. A segunda-feira de carnaval foi agitada na esquina do Zé padeiro. Já no início da tarde, as atrações do bloco começavam a aparecer. O tradicional fogão de lenha, da turma “Nóis é fogo”, com sua cachacinha e tira gosto a vontade marcou presença nas ruas desde cedo. Uma Trupe de artistas ligados ao curso de teatro da UFSJ se apresentaram com performances circenses e teatrais. Os carros alegóricos foram estacionados na esquina do Zé padeiro, com destaque para um grande tear feito em bambu. No final da tarde, o Professor André, de São João del rei, encerrava as oficinas infantis de percussão com uma apresentação para o público presente no bar da esquina. Por fim, era hora de samba. E o grupo Trequinteto aqueceu de vez os foliões com o melhor do samba de raiz. Eram quase 10 da noite, hora de ganhar a avenida, quando Wander Morais e José Robson executavam ao vivo a marchinha tema do Bloco. A batida de “Não fico sem você, meu bem” no violão de Wander foi o ponto alto da concentração para o bloco. O batuque da Bateria do Rifugo já chamava pelos foliões. E assim, o cabeção ganhou à avenida irreverente, feliz e resendecostense, feito colcha de retalho.
O desfile do bloco procurou resgatar uma história que vai além dos cem anos de município, uma história escrita por personagens marcantes, como o são os inconfidentes, mas também por homens e mulheres que nem sempre deixaram seus nomes, como remanescentes indígenas, tropeiros, artesãos e escravos. Uma das alas procurou lembrar o tempo em que a iluminação das ruas era feita pelos lampiões, que precisavam ser acesos um a um, todas as noites, e em que os sermões do ilustre Pe. Nelson instruíam os fiéis a resguardarem-se do “ardiloso” Diabo, que estaria supostamente solto no Carnaval. A Casa de Cultura, quase tão centenária quanto a cidade, e os seus famosos bailes de máscaras também foram lembrados.
Flávia Cristina Silva, secretária do IRIS e responsável pela idealização e organização das alas de frente do Bloco Cabeção 2012, conta que a ideia foi compor uma narrativa simples e que ampliasse os marcos cronológicos da emancipação política, “afinal, o centenário também é a condensação de tradições e memórias que remontam ao tempo das tropas e das Minas do Ouro”. Envolvida pela primeira vez na organização do Cabeção, Flávia se diz surpresa com o envolvimento das pessoas com o bloco e com a incorporação do tema pelos foliões que desfilaram. “A riqueza cultural destes fragmentos de memória foi profundamente sentida, cheguei a me emocionar ao abrir das cortinas e ao observar os integrantes das alas improvisando coreografias, numa compreensão apaixonada do que representa o Bloco do Cabeção para o Carnaval resende-costense”, relatou Flávia, que aproveitou para agradecer aos membros voluntários de MAC e IRIS, que “trabalharam intensamente na elaboração de fantasias e alas”.